Em Outubro de 2009, passei três semanas em Paris. Para não perder o contato com as amigas, ensaiei um Diário de Bordo que cobriu apenas parte da viagem, mas que foi o suficiente para me lançar numa vertente "literária" até então suspeitada por alguns, mas ignorada por mim. Este blog é uma tentativa de incrementar e concluir o Diário e de disponibilizá-lo para um grupo maior de leitores interessados.

segunda-feira, 8 de março de 2010

6a f., 16/Out/09: Chez Nous

No 3° dia, a 6a f., 16, eu ainda acordei meio tarde e fui tomar café da manhã na padaria embaixo de meu apartamento. Ahhhh, mas não é qualquer padaria, é a "Le Pain Quotidien" (http://www.lepainquotidien.com/), cadeia de origem belga e com filiais em vários países. Tudo feito com ingredientes orgânicos e naturais e o ambiente bem claro com paredes descascadas, na pedra ou no tijolo caiado, os móveis em madeira clara, com uma mesa comunal bem grande no salão principal. Eles servem almoço e jantar também.

Depois do café, fui para o apartamento do Carlos me encontrar com ele e com Sophie, francesa, amiga dele de décadas e que eu já conhecia de outras épocas, mas que fazia um tempão que não via. Pois bem, agora, a Sophie está secretariando o Carlos num trabalho part time e os dois estavam lá, despachando.

A Sophie tem duas filhas, uma de 16 e outra de 18 anos, Margaux e Manon, e, no dia seguinte, ia ter um festão de aniversário de Margaux e mais cinco amigas. Isso merece um comentário. Na França, existe um costume que, para nós, brasileiros, é bem curioso: é o “rallie”, uma espécie de grêmio ou clube, de atividades sociais para os jovens adolescentes. Não existe uma sede física, funciona como uma associação de pais que organiza essas atividades sociais: encontros, festas, atividades e passeios em grupo.

O "rallie" é composto apenas por meninas, umas cem por "rallie", e os meninos são convidados para os eventos. Essa festa aos 16 anos, por exemplo, é uma das atividades mais importantes na vida social de uma jovem francesa, acho que equivaleria a um primeiro baile de debutante, pois, não sei se aos 17 ou aos 18, há outro ainda mais “tchan”. Socialmente, é super importante aqui saber a que “rallie” um pertence. O das filhas da Sophie, é o Chennonceau, que, segundo uma amiga minha, é aristocrático, mas não necessariamente endinheirado...

Da casa do Carlos, fomos almoçar (afe, mal tinha tomado café...) no Café Varenne, na esquina com a Rue du Bac, ainda bem que foi light, uma navette (um contra-filé, eu acho, com fritas e salada)... Naturalmente, Carlos já tinha ficado amigo do casal proprietário da casa a quem já até havia dado dicas de onde comprar roupa pois a dona encantou-se por um colete dele e queria dar um igual de presente para o marido. Um dos garçons de lá é o Eric, uma peça rara, meio doido, agitadíssimo e muito divertido. Ele adora o Carlos e os brasileiros amigos dele e faz a maior festa quando um aparece.

A Sophie aproveitou e me entregou o convite para a festa do dia seguinte, com tema “Vintage”, que ia acontecer no Space Pierre Cardin. E como brasileiros estão por toda a parte, encontramos lá no café, a Elena Montanarini com um gupo de brasileiras que ela trouxe para Paris num tour sobre Moda organizado pela Escola Brasil.

De lá, fomos para o “meu” apartamento pois havia providências para a Sophie tomar. Carlos, inclusive, queria ver que roupa eu estava pensando em usar para ir à festa pois não acreditava que eu tivesse trazido qualquer coisa apropriada e já estava pensando em me levar ao Marché aux Puces no dia seguinte para providenciarmos uma indumentária “vintage” para mim. Eu já disse para ele que eu tenho certeza de que ele foi minha mãe em outra encarnação... Bom, mostrei a indumentária e complementos que eu pensava usar para o grande evento que foi devidamente aprovada e, assim, fui poupada da excursão ao mercado das pulgas...

Nesse meio tempo, eu tinha combinado com a Bel, minha amiga, e com a Lara, minha afilhada, que como comentei anteriormente, estava estudando Moda (Moda está moda...) no Instituto Marangoni, de virem me visitar rapidamente no apê. A Bel já tinha estado comigo na noite de minha chegada, mas gostou de reencontrar o Carlos. Lara trouxe o gato, o animal peludo mesmo, um persa branquinho, Merlin, para eu conhecer ao vivo já que, até então, só através de foto. Depois, cada um tomou seu rumo e Carlos e eu fomos a "La Grande Épicerie" para comprar umas coisinhas para minha casa e outras para a dele. Consegui resistir e ative-me ao básico.

A noite foi calma, jantamos em casa dele, começando com um delicioso Mont D'Or, o queijo francês equivalente ao português Serra da Estrela que o Carlos havia comprado no "Barthélémy" anteriormente. A gente corta uma tampa na casca do queijo e daí escava o miolo cremoso - uma delícia!

Os pratos prontos principais foram boeuf bourguignon para ele e petit salé (linguiça com lentilhas) para mim, em embalagem a vácuo (sous-vide), resultado de nossa incursão na "Grande Épicerie". Eu adoro petit salé e, no passado, algumas vezes, o Carlos chegou a levar umas latinhas para mim no Brasil. O sous-vide não é tão pesado, muito bom também para levar na mala, menos pesado do que a lata, hummmm... já estou pensando em futuras encomendas!









Não pude ajudar em nada na cozinha pois além de não ser absolutamente do ramo, não tenho a menor familiaridade com esses equipamentos "modernos": por exemplo, não tenho e nem sei mexer em micro-ondas e máquina de lavar louça. E no apartamento do Carlos assim como no "meu", também tem aquela cafeteira Nespresso e fogão de indução - aquele elétrico com uma superfície lisa preta, não quero nem chegar perto!

O Carlos até procurou me ensinar - ele estava apavorado que eu destruísse não só os equipamentos como também os imóveis com alguma explosão, mas, ainda assim, consegui errar no primeiro café que fiz na cafeteira Nespresso que é a coisa mais fácil do mundo. Vivendo e aprendendo...

Ficamos no papo até as duas da manhã. Uma delícia poder desfrutar assim, com exclusividade, da companhia de meu amigo querido.

5a f., 15/Out/09: Reencontros

Ao final do tour, resolvemos emendar e jantar cedo. A idéia do Carlos era aproveitar o horário para tentar encontrar um lugar no "L'Atelier de Joël Robuchon" (http://www.joel-robuchon.com/), localizado no térreo do Hôtel du Pont Royal na Rue de Montalembert, na esquina com a Rue du Bac. Parece que através dessa rede de restaurantes, o famoso chef resolveu popularizar sua marca, ou melhor, simplificar o serviço, democratizar um pouco o acesso e manter os preços altos... Trata-se de um balcão em "U" em volta de uma cozinha aberta, parece um restaurante japonês. Eles só aceitam reservas para almoço às 11:30 h e para jantar às 18:30 h, na verdade, é meio confuso. De toda maneira, eram 19:00 h quando chegamos sem reserva e, depois de um diálogo mal humorado com o porteiro/recepcionista, desistimos de aguardar por um lugar, mas fizemos reserva para o almoço da 2a f. - um mistério, pois o Carlos tinha marcado sua volta ao Brasil para o Sábado à noite, então achei que ele estava apenas querendo implicar com o recepcionista.

Assim é que pegamos um táxi e fomos ao "Les Cocottes de Christian Constant" (http://www.leviolondingres.com/eng_cocottes.htmeviolondingres.com/eng_cocottes.htm), na Rue St. Dominique, sempre no 7e, mas mais a Leste, no trecho entre os Invalides e a Torre Eiffel. O sistema de serviço era igual àquele do "L'Atelier", o do balcão com cozinha aberta e sem hora marcada, o que parece ser uma tendência, mas lá, o ambiente era à vontade como devia ser e não pomposo como o do "L'Atelier". E a comida, ai! Muitos dos pratos eram servidos em pequenas travessas individuais fundas e de ferro, as "cocottes" e eu comecei com um creme de abóbora inesquecível, na verdade, uma abóbora com leve gosto de castanha, por isso mesmo chamada de "potimarron". Foi uma festa para o paladar do começo ao fim.

De lá, voltamos para a Rue du Bac para nos encontrar com Laura, uma amiga nossa de muitos anos e que hoje divide seu tempo entre o Rio e Paris. Ela estava saindo para jantar com outras amigas no “Le Bistrot de Paris" na Rue de Lille e nós acabamos acompanhando-as, mas claro, não pudemos nem olhar para a comida! O cardápio lá é bem tradicional e o décor também, meio antigo, uma mistura de espelhos e lambris de madeira.

O melhor de tudo foi mesmo o papo, uma verdadeira sessão "nostalgia". Além da Laura, com quem trabalhei décadas atrás em São Paulo, uma das amigas era a Márcia, paulista que mora há anos em Paris onde tem uma confecção de cashmeres super transados e que eu havia conhecido anteriormente numa vinda dela a São Paulo.

Outra, era a Noêmia, originalmente do Rio, e que mora, também há décadas, em Roma e tornou-se produtora de vinhos; ela é filha de uma grande amiga de minha mãe, ela e a irmã fizeram parte de minha infância e adolescência e nós acabamos indo longe e fundo nas reminiscências.

Ainda estavam lá uma carioca, um arquiteto italiano que morou vinte e cinco anos no Brasil e uma paulista que tem passado bastante tempo em Paris porque a filha tinha acabado de começar a estudar Moda lá, no Instituto Marangoni, justamente onde Lara, minha afilhada, estava estudando havia um ano e as duas até já tinham se conhecido.

Carlos e eu acabamos voltando para o apartamento da Laura que eles queriam que eu visse de qualquer maneira. Depois de sete anos alugando, ela o havia comprado e ia se mudar de lá na semana seguinte enquanto o reformava. Realmente, é único. Tem um pé direito altíssimo, com janelões que dão para jardins internos e copas de árvores, um paredão coberto de hera, os fundos de uma igreja (a Ste. Clothilde, uma “São José” local como referência para os paulistas...) e, por cima de tudo isso, a Tour Eiffel com aquela iluminação dourada - depois, a iluminação virou “pisca-pisca”, um espetáculo!

Depois disso, finalmente rumamos a pé para “casa”, direto para meu "camão", um alívio para meus pés doloridos de tanto andar!

sexta-feira, 5 de março de 2010

5a f., 15/Out/09: Reconhecendo o terreno

Como já disse, estávamos no 7e Arrondissement, entre os Invalides e St. Germain, nos limites do "epicentro" dos acontecimentos que é este último bairro. Para os que conhecem São Paulo, é como se estivéssemos pelos lados da Pe. João Manuel e da Min. Rocha Azevedo, a Leste da Augusta que, nessa comparação, seria o equivalente aos Boulevards St. Germain e Raspail.

Nesse trecho, a Rue de Varenne e suas imediações como a paralela Rue de Grenelle, são muito residenciais e também abrigam vários edifícios oficiais como o já mencionado Hôtel Matignon, vizinho ao apartamento do Carlos. Por conta disso, as ruas são muito bem policiadas, coisa que qualquer brasileiro nota e aprecia...

À medida, porém, que a gente se aproxima da Rue du Bac, vê-se pequenas travessas sem saída cujas construções dão para jardins arborizados e, pouco a pouco, as fachadas imponentes e os altos muros em pedra castanha ou acinzentada dos "hôtels particuliers" dão lugar às cores e ao movimento de um comércio variado e muito transado.

Então, saímos do apartamento do Carlos na Rue de Varenne em direção à Rue du Bac onde viramos à direita em direção a "La Grande Épicerie" (http://www.lagrandeepicerie.fr/#fr-FR/home), a delicatessen em escala de supermercado da loja de departamentos "Le Bon Marché", que fica na esquina com a Rue de Sèvres. Trata-se de um templo da perdição gastronômica, mas cujos produtos comi apenas com os olhos naquele momento, pois estávamos fazendo turismo e o Carlos me arrastou para a próxima atração antes que eu sucumbisse à tentação.

Buscamos a bicicleta do Carlos no conserto ali perto e seguimos no "tour gourmand". Fomos à "Martial" na Rue de Sèvres, famosa por suas dragées (amêndoas confeitadas) e agora incorporada à chocolateria "Jeff de Bruges" (http://www.jeff-de-bruges.com/om/). E havia dragées de todos os tipos, de diferentes espécies de amêndoas, cores e recheios. Até havia uma "Carioca", com chocolate e café. Mas acabou que, em vez de dragées, eu comprei um "atado" de tabletinhos finos de chocolate com diferentes sabores para oferecer às futuras visitas em "meu" apê.


Voltando pela Rue de Grenelle e já do outro lado do Blvd. Raspail, paramos na "Barthélemy" (http://en.momondo.com/blogs/mufoo/archive/2008/08/07/the-best-cheese-shop-in-paris.aspxop-in-paris.aspx) - afffff, a melhor loja de queijos de Paris, segundo alguns, fiquei até tonta com a variedade e os cheiros! Lá, o Carlos é para lá de VIP, é queridíííííssimo, e as senhoras que atendem fizeram o maior escarcéu quando ele apareceu, sapecaram beijinhos nele e em mim, me disseram que quando eu voltasse à loja, eu dissesse apenas que era a "amiga do Carlos" – um "Abre-te Sésamo!".

Quase ao lado, está a filial do bairro da "Dalloyau" (http://www.dalloyau.fr/), chocolateria, confeitaria, delicatessen e rôtisserie de mais de 300 anos, outra suprema tentação à qual eu não resistiria nos dias seguintes. Também ali, Carlos me apresentou ao Gerente, garantindo que eu fosse bem atendida em minhas inevitáveis futuras visitas.


Seguimos vitrinando ziguezagueando pela área até que, chegando no Blvd. St. Germain, entramos na "Fragonard" (http://www.fragonard.com/), famosos perfumistas de Grasse, no Sul da França (estive lá com minha mãe quando tinha 15 anos), que hoje vendem mil ítens de desejo em suas lojas: paninhos, cheirinhos, louças, acessórios - a vontade é levar a loja toda. Não cheguei a tanto, mas dias depois, esvaziei os bolsos ali...

Ao final do tour, resolvemos emendar e jantar cedo, programa que afinal transformou-se em nova "noitada"...!

quinta-feira, 4 de março de 2010

5a f., 15/Out/09: Despertando

Depois da "noitada" do dia da chegada que se seguiu à noite insone do vôo, acabei acordando depois das 11:00 h na 5a f., 15, meu 2° dia. Embora o tempo seguisse ensolarado, a temperatura havia caído para 6-7° C.

Fui tomar café da manhã em casa do Carlos já era por volta da 1:00 h da tarde! O apartamento dele era ainda mais bonito à luz do dia. A decoração contemporânea e confortável, com peças mais modernas, mas sempre juntando elementos de diferentes origens, idades e cores, era ainda mais realçada pelas linhas simples e retas e pela pintura branca.

Das janelas inclinadas da mansarda, a vista era de quase 360°, sendo uma delas aquela que dá para os jardins do vizinho Hôtel Matignon, residência oficial do Primeiro Ministro da França.








Aliás, o 7e é famoso por seus inúmeros jardins privados, ocultos atrás de altos muros ou das "cours" dos "hôtels particuliers". Então, para vê-los, só mesmo de cima como agora, fora poucas exceções como o parque do Museu Rodin a poucos quarteirões dali na mesma Rue de Varenne com o Blvd. des Invalides.

Depois do café da manhã, Carlos ficou "despachando", dando expediente no computador, a diarista veio e, enquanto isso, eu fui dando uma olhada no guia e em alguns álbuns de fotografia dele. Me deparei então com umas fotos de nossa viagem a Paris em 1996 quando ficamos em um apartamento na Av. de Bréteuil, atrás dos Invalides.

Surpreendente foi me dar conta de que minhas roupas de quase quatorze anos antes eram praticamente as mesmas que eu havia trazido para essa temporada! Isto me fez lembrar de minha grande amiga Marina e de um suéter que ela adora (e eu também), com listras horizontais coloridas, que ela tem desde os quinze anos e usa sem parar; o resultado é que tenho inúmeras fotos dela vestindo o dito cujo ao longo de todos esses anos o que é motivo de grandes risadas. Já imagino o que me espera quando ela souber que não fico atrás...

Já eram 4:00-4:30 h da tarde quando saímos para dar uma volta a pé pelo bairro. O dia e a noite ainda iriam render bastante...

quarta-feira, 3 de março de 2010

4a f., 14/Out/09: Primeira noite

Uma vez instalada e refrescada, o Carlos passou para me apanhar à noitinha para jantarmos fora. Saímos a pé por St. Germain seguindo a Rue du Bac em direção ao Blvd. St. Germain que cruzamos e seguimos até a Rue de Verneuil onde viramos à esquerda.

A intenção do Carlos era me levar ao "Le Cinq Mars" (http://www.fra.cityvox.fr/restaurants_paris/le-cinq-mars_99887/ProfilLieu) no nr. 51, um bistrô do bairro, rústico, com uma culinária "campagnarde", isto é, simples, substancial e saborosa, cuja decoração e utensílios seguiam na mesma linha: paredes com tijolo descascado aparente ou com reboco cinza claro, balcão do bar e mesinhas em madeira escura com cara de bastante usados, cumbucas e travessas rústicas em grès. Tudo isso, eu só pude ver, pois o lugar é descoladíssimo, estava absolutamente lotado e não pudemos ficar. Como não tive chance de voltar lá, o "Le Cinq" acabou entrando para minha listinha de tarefas numa próxima visita a Paris.

Foi assim que acabamos atravessando a rua e, numa escolha contrastante, fomos ao Tan Dinh(http://www.bestrestaurantsparis.com/en/restaurant-paris/detail/tan-dinh.html) no nr. 60, um delicioso restaurante vietnamita, bastante conhecido, não só por sua culinária, mas muito também, por sua carta de vinhos considerada es-pe-ta-cu-lar pelos entendidos. De entrada, há os tradicionais rolinhos de pato e, de sobremesa, algo muito exótico e típico do Vietnam, sabem... sorvetes de côco, de maracujá e de graviola! Os chefs são irmãos e o pai fica no atendimento no pequeno salão onde, ainda assim, encontramos um amigo nosso de São Paulo, Fernando, e um casal de primos dele. Brasileiro realmente está por toda parte!

Voltamos a pé - bom para fazer a digestão... - para o apartamento onde o Carlos mora, também na Rue de Varenne e pertinho do "meu", liiiiiindo, ainda melhor do que nas fotos que eu tinha visto.

De volta "em casa", ainda veio me visitar, vinda de um jantar com amigos, a Bel, minha amiga querida, brasileira de pai português e mãe francesa e que mora há anos em Paris. Ela chegou à meia-noite e saiu já eram quase duas da manhã: troca de presentes e tititi de comadres que não se falavam havia tempos...

terça-feira, 2 de março de 2010

4a f., 14/Out/09: Chegada!

Depois de vôo insone muito consciente de estar viajando sobre o Atlântico e atenta a cada mínima turbulência, cheguei em Paris no final da tarde: dia ensolarado e fazendo 11° C. Friozinho lá fora, mas uma fornalha dentro do aeroporto, pois a luz tinha acabado e os corredores envidraçados transformaram-se em verdadeiras estufas!

Mas lá estava o Clé me esperando, rapaz brasileiro casado com uma francesa, técnico em TI transformado em operador de transfers e guia, enviado pelo Carlos para me buscar. Que bom que meu vôo chegou durante o dia, pois o trajeto do aeroporto até o centro naquela tarde ensolarada valeu como um rápido city tour.
Pont Alexandre III e Les Invalides:
portas de entrada para o 7e Arrondissement
com o dourado das estátuas de uma
e da cúpula de outra.

Meu destino era a Rue de Varenne na esquina com a Rue du Bac, em pleno 7e Arrondissement e epicentro dos acontecimentos com seu comércio muito transado. Para os que conhecem São Paulo, essa esquina é o equivalente, digamos, àquela da Padre João Manuel com a Oscar Freire.

Dois curtos e suaves lances de escada acima, me instalei num apartamento emprestado pelo Carlos. A decoração em tons de vinho, verde musgo, beiges e ocres, reunia com muito bom gosto não só peças de lá e de cá, mas também da Turquia, da Índia e do Sudeste Asiático. Quadros, gravuras, livros e guias davam um colorido adicional e a iluminação indireta dos abajures - que não dispensava porém um lustre de cristal no quarto - conferia o toque final de aconchego àqueles ambientes amplos de pé direito alto e janelões.

Tudo isso aliado à tecnologia de acesso sem fio à internet, TV de plasma, telefones sem fio com secretária eletrônica, uma mini-cozinha moderna e ao conforto "brasileiro" supremo de closets espaçosos e banheiros equipadíssimos com requintados pisos em cerâmica preta e branca. Sim, eram dois closets e dois banheiros pois, além do quarto com sua cama king size, a sala com seu sofá cama podia ser usada como quarto extra.












Para completar, o Clé ainda me emprestou um celular e, se eu quisesse, ainda havia uma bicicleta à disposição se bem que para quem tiver vontade de pedalar por Paris, há um fantástico sistema público de aluguel de bicicletas, pode-se pegar uma num ponto e deixá-la em outro. No entanto, minha vontade era não sair mais daquele apartamento, só queria me deixar envolver por aquela atmosfera acolhedora, pois, naquele momento, a turista havia dado lugar à residente...

Mes environs

Era esse mundinho do 7e e do 6e que me aguardava, onde eu ia passar a maior parte de meus dias, batendo pernas para lá e para cá. Primeiro, por uns poucos dias, na Rue de Varenne e, depois, instalada na Place du Palais Bourbon, junto à Assembléia Nacional.


Visualizar 7e e 6e Arrondissements em um mapa maior