Em Outubro de 2009, passei três semanas em Paris. Para não perder o contato com as amigas, ensaiei um Diário de Bordo que cobriu apenas parte da viagem, mas que foi o suficiente para me lançar numa vertente "literária" até então suspeitada por alguns, mas ignorada por mim. Este blog é uma tentativa de incrementar e concluir o Diário e de disponibilizá-lo para um grupo maior de leitores interessados.

segunda-feira, 8 de março de 2010

5a f., 15/Out/09: Reencontros

Ao final do tour, resolvemos emendar e jantar cedo. A idéia do Carlos era aproveitar o horário para tentar encontrar um lugar no "L'Atelier de Joël Robuchon" (http://www.joel-robuchon.com/), localizado no térreo do Hôtel du Pont Royal na Rue de Montalembert, na esquina com a Rue du Bac. Parece que através dessa rede de restaurantes, o famoso chef resolveu popularizar sua marca, ou melhor, simplificar o serviço, democratizar um pouco o acesso e manter os preços altos... Trata-se de um balcão em "U" em volta de uma cozinha aberta, parece um restaurante japonês. Eles só aceitam reservas para almoço às 11:30 h e para jantar às 18:30 h, na verdade, é meio confuso. De toda maneira, eram 19:00 h quando chegamos sem reserva e, depois de um diálogo mal humorado com o porteiro/recepcionista, desistimos de aguardar por um lugar, mas fizemos reserva para o almoço da 2a f. - um mistério, pois o Carlos tinha marcado sua volta ao Brasil para o Sábado à noite, então achei que ele estava apenas querendo implicar com o recepcionista.

Assim é que pegamos um táxi e fomos ao "Les Cocottes de Christian Constant" (http://www.leviolondingres.com/eng_cocottes.htmeviolondingres.com/eng_cocottes.htm), na Rue St. Dominique, sempre no 7e, mas mais a Leste, no trecho entre os Invalides e a Torre Eiffel. O sistema de serviço era igual àquele do "L'Atelier", o do balcão com cozinha aberta e sem hora marcada, o que parece ser uma tendência, mas lá, o ambiente era à vontade como devia ser e não pomposo como o do "L'Atelier". E a comida, ai! Muitos dos pratos eram servidos em pequenas travessas individuais fundas e de ferro, as "cocottes" e eu comecei com um creme de abóbora inesquecível, na verdade, uma abóbora com leve gosto de castanha, por isso mesmo chamada de "potimarron". Foi uma festa para o paladar do começo ao fim.

De lá, voltamos para a Rue du Bac para nos encontrar com Laura, uma amiga nossa de muitos anos e que hoje divide seu tempo entre o Rio e Paris. Ela estava saindo para jantar com outras amigas no “Le Bistrot de Paris" na Rue de Lille e nós acabamos acompanhando-as, mas claro, não pudemos nem olhar para a comida! O cardápio lá é bem tradicional e o décor também, meio antigo, uma mistura de espelhos e lambris de madeira.

O melhor de tudo foi mesmo o papo, uma verdadeira sessão "nostalgia". Além da Laura, com quem trabalhei décadas atrás em São Paulo, uma das amigas era a Márcia, paulista que mora há anos em Paris onde tem uma confecção de cashmeres super transados e que eu havia conhecido anteriormente numa vinda dela a São Paulo.

Outra, era a Noêmia, originalmente do Rio, e que mora, também há décadas, em Roma e tornou-se produtora de vinhos; ela é filha de uma grande amiga de minha mãe, ela e a irmã fizeram parte de minha infância e adolescência e nós acabamos indo longe e fundo nas reminiscências.

Ainda estavam lá uma carioca, um arquiteto italiano que morou vinte e cinco anos no Brasil e uma paulista que tem passado bastante tempo em Paris porque a filha tinha acabado de começar a estudar Moda lá, no Instituto Marangoni, justamente onde Lara, minha afilhada, estava estudando havia um ano e as duas até já tinham se conhecido.

Carlos e eu acabamos voltando para o apartamento da Laura que eles queriam que eu visse de qualquer maneira. Depois de sete anos alugando, ela o havia comprado e ia se mudar de lá na semana seguinte enquanto o reformava. Realmente, é único. Tem um pé direito altíssimo, com janelões que dão para jardins internos e copas de árvores, um paredão coberto de hera, os fundos de uma igreja (a Ste. Clothilde, uma “São José” local como referência para os paulistas...) e, por cima de tudo isso, a Tour Eiffel com aquela iluminação dourada - depois, a iluminação virou “pisca-pisca”, um espetáculo!

Depois disso, finalmente rumamos a pé para “casa”, direto para meu "camão", um alívio para meus pés doloridos de tanto andar!

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